Hóquei de Valongo: Uma fervorosa paixão em exposição
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Foto CMV |
Dúvidas parecem não existir de que o
hóquei em patins é de longe a modalidade rainha em Valongo. Uma
conclusão muito fácil de tirar não só pela visível paixão semanal que os
valonguenses demonstram pela sua Associação Desportiva de Valongo mas
também aquando da inauguração da exposição “Hóquei de Valongo: Um
Percurso sobre Rodas”, na passada noite de 5 de abril, no Museu
Municipal, local onde os muitos visitantes que marcaram presença na
abertura do evento – mas também os muitos outros que já lá deram uma
vista de olhos nos dias seguintes – puderam embarcar numa fascinante
viagem ao passado para conhecer – ou recordar – a história daquela que é
uma das grandes marcas de referência do nosso concelho, a Associação
Desportiva de Valongo (ADV).
Fundada em 1955, a ADV é para o povo valonguense
mais do que uma mera coletividade desportiva, é acima de tudo uma
paixão, uma fervorosa paixão, para muitos até um modo de vida. A
história do popular Valongo confunde-se com a da própria cidade que lhe
dá o nome, e até mesmo com o do restante concelho, não sendo nada
exagerado dizer que o hóquei patins foi – e continua a sê-lo – um dos
principais responsáveis pela colocação da marca “Valongo” no mapa
nacional e internacional ao longo destas quase seis décadas de história.
É um pouco essa a ideia retirada após o visionamento desta fascinante
exposição que conta de fio a pavio a não menos fascinante vida da ADV. O
arranque deste desfiar de memórias foi dado então na noite de 5 de
abril, tendo contado – entre outras ilustres figuras locais – com a
presença do presidente da Câmara Municipal de Valongo, João Paulo
Baltazar, também ele nos seus tempos de infância jogador da ADV.
PERCORRENDO OS CAMINHOS DA HISTÓRIA
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Deambulando pela montra de memórias
os olhos arregalam-se quando encaramos de frente as vitrinas espalhadas
pelo local, que guardam os rostos das primeiras lendas do clube, das
primeiras equipas, tudo envolto na magia do “preto e branco”. Em
paralelo encontramos as linhas que traçam a história do Valongo. Os
tempos em que grupos de rapazes empolgados com as inolvidáveis campanhas
internacionais da seleção portuguesa de hóquei de finais da década de
40 e princípios da de 50 recorre às hortas locais (!) para poder imitar
os seus heróis dos rinques. As hortas? Perguntar-se-á por esta altura o
leitor. Sim, às hortas, já que sem meios económicos para comprar os
sticks de madeira com que se jogava ao hóquei os rapazes de Valongo
utilizavam os talos das couves para sticar as bolas de trapo. João Lino
do Vale era um desses meninos que sonhava dia e noite com o hóquei em
patins, e não demorou muito a organizar jogos inter-ruas na Fábrica “A
Separadora”, em Campo. Brincadeiras que seriam oficializadas em 1955,
ano em que Lino do Vale e o restante grupo de amigos fundam a ADV. De lá
para cá a história faz-se com vitórias, muitas, com dezenas de
conquistas – que podem ser comprovadas com os muitos troféus de campeões
(regionais e nacionais) aqui expostos – com a formação de lendários
hoquistas portugueses, e com centenas de factos desportivos que entraram
para a história do próprio concelho de Valongo. Factos que estão
eternizados em jornais, cujos “recortes” passados estão agora vivos
nesta exposição. Um desses recortes – que nos chamou particularmente à
atenção – remonta a 1978, ano em que o Valongo garantiu a qualificação
para a Taça dos Clubes Campeões Europeus! A história mereceu honras no
jornal “A Bola” da época, que dá uma página inteira (!) ao feito
alcançado pelo emblema do nosso concelho. Nas páginas esbatidas pelo
tempo recordamos o derradeiro jogo do campeonato nacional de 78, quando
um empate a dois golos em casa diante do Oeiras garantiu a qualificação
para a prova rainha do hóquei patinado europeu da época seguinte.
Recordamos os festejos que se seguiram a esse feito, com o povo
valonguense a carregar os seus heróis em ombros. A estreia na Europa
deu-se então na Alemanha, mais precisamente em Iserlohm, onde nomes como
Aguiar, Lino, Armindo, Pires, Américo, Queirós, Camões, e Vítor
Francisco ascenderam ao patamar das lendas. Foram eles que apresentaram o
Valongo ao “Velho Continente”. E já que falamos em nomes lendários do
clube não podemos esquecer Eugénio, Carlos Camões, António Vale, José
Nora, José Alves, entre muitos, muitos outros ícones dos patins e do
stick que nasceram no Valongo e ajudaram-no a catapultar-se para os
patamares mais altos do hóquei nacional e internacional.
E se estes homens tiveram um papel fundamental
dentro do campo – ou do rinque, melhor dizendo – outros tiveram-no fora
dele. Foram os dirigentes, casos de João Alves Vale, Joaquim Paupério,
Álvaro Reis Figueira, e mais recentemente João Carlos Paupério, também
eles com direito a destaque nesta exposição.
Nesta viagem pela história da ADV chama
igualmente à atenção a vitrina onde estão guardadas algumas memórias
alusivas à grande rivalidade existente com o FC Porto. Recordamos jogos
emblemáticos daquele a que muitos chamam de dérbi do norte. Ante o rival
azul e branco são célebres os jogos realizados no rinque da Praça
Machado dos Santos, o popular “largo do patos” (já desaparecido), casa
do Valongo durante anos a fio, numa época em que o atual Pavilhão
Municipal ainda não havia sido erguido. Jogos em que os ramos das
árvores em redor da citada praça se transformavam em “explosivas”
bancadas repletas de fervorosos adeptos valonguenses que faziam do local
um verdadeiro inferno para os adversários, em especial para os
portistas, o velho inimigo, por assim dizer.
Histórias e factos que podem ser vistos e
escutados pela voz de muitos dos próprios intervenientes desses acesos
duelos, num documentário gravado que passa nos ecrãs espalhados pela
exposição. Muito bom este pormenor. Este e muito outros pormenores, na
verdade, que podem ser vistos até 31 de agosto numa exposição que em
nosso entender vale muito a pena visitar.
ÀS PORTAS DA LIGA EUROPEIA DA PRÓXIMA ÉPOCA
E se o passado foi glorioso o presente do Valongo
para lá caminha, já que a principal equipa do clube continua a trilhar o
caminho do sucesso no Campeonato Nacional da 1ª Divisão. No passado
sábado (6 de abril) os hoquistas de Paulo Pereira deslocaram-se a
Espinho para defrontar a Académica local em partida da 24ª jornada,
saldada por uma robusta vitória valonguense por 12-3. Assim, o Valongo
continua à espreita do quarto lugar, o último que garante a presença na
Liga Europeia da próxima época, somando 48 pontos, os mesmos que o atual
quarto colocado, o Paço de Arcos, equipa que daqui a sensivelmente duas
semanas visita a sede do nosso concelho, prevendo-se como tal um
encontro explosivo!
Por:
Miguel Barros
Fonte:
A voz de Ermesinde
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