quarta-feira, 6 de março de 2013

José Luis "Negro" Páez: "O Hóquei é minha paixão, a minha vida"



José Luis "Negro" Páez: "O Hóquei é minha paixão, a minha vida"

Entrevista a um dos melhores de sempre que ainda hoje sofre com a derrota em 1991 frente ao Óquei Clube de Barcelos.



O historial de José Luis Páez fala por si:

Uma Olimpíada, dois Campeonatos Mundiais, nove Ligas Europeias.
E é uma contagem que se estende até 56 troféus de participação, em 25 anos de carreira.
Mas por trás desses triunfos, há um homem com uma paixão sem limites por este desporto, que ainda agora se emociona com uma vitória.
Apelidado do "Negro" pelo cabelo escuro, José Páez chega a Itália em 1987 não tendo ainda 18 anos de idade, levado por Mario Aguero, líder do grande Roller Monza de Piero Ferlinghetti.
E é precisamente a partir de Brianza que começa a carreira de Paez, uma caminhada ao longo de um quarto de século, em que ele vestiu apenas quatro camisolas: San Juan Concecpcion, Roller Monza, FC Barcelona e Réus Deportiu.

É no Roller Monza que começa a sua caminhada profissional "foi simplesmente a porta da minha vida. Eu devo tudo ao falecido Piero Ferlinghetti, à mamã Carla, Checco e à minha irmã. Eles acompanharam-me no início da minha aventura, tornando mais fácil a na minha adaptação e fazendo-me crescer primeiro como um homem ".
Esse crescimento aconteceu também a nível desportivo. "Tenho de agradecer, em primeiro, a Mario Aguero, que me trouxe para Brianza, quando eu tinha 18 anos, depois do Mundial de 1986. Apresentou-me um projeto muito significativo que aceitei com grande entusiasmo e para contribuir na minha maturidade encontrei uma grande ajuda nos colegas de então: Sandro Cupisti, Mauro Cinquini, Franco Girardelli. Marcaram um período importante da minha vida ".

A chegada de San Juan e de Concepcion é o começo de outra vida para a família Páez, que eram tudo menos ricos "Monza foi o divisor de águas entre uma vida difícil e humilde e uma existência bem melhor, com condições de vida para mim, para a minha mãe e para os meus irmãos, definitivamente a um nível superior".

Chegado à Itália, Páez conquistou um papel importante no espaço de dois anos. "Cheguei como desconhecido e em pouco tempo, fiz-me respeitar em qualquer pista. Naquela época, o hóquei italiano era o número um do mundo onde era realmente difícil de ganhar : Eram jogadores de uma seleção nacional fortíssima: Marzella, Parasuco, Dal Lago, Mariotti, Crudeli, Girardelli e muitos outros... Jogar contra eles era difícil. E vencer não foi nada fácil ".
O Roller Monza parecia uma canção de embalar para a vitória: Cupisti – Cinquini – Girardelli – Aguero – Paez.
Um pouco como Sarti – Burgnic – Facchetti… No entanto esta equipa deixou aberta uma ferida muito grande a nível desportivo. "A final da Taça dos Campeões de 1991 contra o Barcelos foi certamente o maior pesadelo. "Eu nunca me vou esquecer daquela última jogada (de Pedro Alves) que nos custou a derrota. Sofri muito e ainda por vezes acontece que eu penso nisso novamente com melancolia ".
Então veio a segunda dor, talvez a maior: deixar o Roller Monza, a sua segunda família. "Eu precisava de outros estímulos. Senti que tinha concluído a primeira fase da minha carreira ". Então falou com Piero Ferlinghetti "O maior desgosto da minha vida foi o dia em que saí. Ferlinghetti ficou com muita pena e muito triste. E para mim, foi uma grande dor dizer adeus à aquela eu considerava a minha casa. Mas o desporto é assim, às vezes tu tens que tomar certas decisões, justas mas dolorosas". Foi um grande sacrifício deixar o Roller, mas o futuro, desportivamente falando, estava à frente do melhor "Já acerca de um ano que estava a ser insistentemente cercado tanto pelo Liceu da Corunha como pelo Barcelona e vinham exercendo grandes pressões. Chegou então o momento certo, para fechar um ciclo. Então abri outro". 








Quando chegou assinou com o Barça, Páez também se pode vangloriar da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos "Após a primeira fase nunca pensei chegar à final. Foi um desastre, passamos apenas por causa de Portugal que venceu os EUA . Então, as coisas mudaram e chegamos à final em plena forma. E sem o peso da pressão mediática avassaladora." Sim, a pressão caiu toda sobre os ombros da Espanha. "A noite antes da final, reunimo-nos todos na sala e conversamos cara a cara, dizendo que a pressão não estava em nós, agora que tinhamos uma medalha ao pescoço e jogavamos sem nada a perder. Nós apenas tivemos que manter a calma. "

"El Negro", vinha com uma confiança especial "Antes de entrar no autocarro que nos levou para o Palau, Carlos Coria falou comigo. Ele fazia os comentários para a TV e só me disse duas coisas. Ele disse para estar tranquilo, entrar em rinque e apenas fazer o que eu sabia fazer. Nada mais. Eu, então, como estava habituado á responsabilidade, coloquei toda a pressão da equipa sobre em seus ombros. Alguns estavam agitados, como era óbvio ou não fosse esse um clima muito emocionante e tenso. Eu não, eu estava calmo e talvez até acalmei os meus colegas. E então foi ótimo vencer"
Aquela vitória foi um grande sinal de força, com a Espanha, empurrada por mais de 8 mil adeptos, com uma inércia que a certa altura virou vermelha de raiva por sofrer três golos em poucos segundos.
Um parcial capaz de deitar abaixo um touro. Mas não a Albiceleste, nem Paez e nem mesmo Diego Allende, autor dos golos decisivos. "Uma pena que essa medalha seja uma peça única." Infelizmente que foi a única Olímpiada e aquelas medalhas são peças raras "Eu espero que um dia isto se possa alterar. É apenas uma questão política, talvez se essa final tivesse sido feita para os Estados Unidos vencerem, agora o hóquei seria um desporto olímpico, quem sabe. Só resta um grande trabalho a fazer para o futuro. "

Os sucessos de J.L.P. continuaram imparáveis com a camisola do Barcelona "De Blaugrana passei 14 anos que profissionalmente foram fantásticos. O início foi difícil, depois, com a chegada de Figueroa, tudo mudou. Ele foi o melhor treinador que já tive, ajudou-me muito a ordenar minhas idéias como jogador. E eu comecei a ver hóquei de outra maneira. Eu nasci como avançado e depois tornei-me num jogador universal ".
"El Negro", talvez mais à frente no tempo, chegou mais uma vez em primeiro. Agora, existem atletas têm a obrigação de serem capazes de fazer de tudo nos rinques sem anti-jogo, mesmo com mais profundidade e espaço. Mas é um paradoxo: hoje temos pavilhões novos , boas regras, televisão sempre presente e falta-nos os campeões de uma única vez. Ou são muito menos do que à vinte anos atrás. "Esse é o mal do desporto. Infelizmente, existem fatores que não correspondem, e nós não podemos fazer nada sobre isso. Hoje, existe uma certa política, mas temos de continuar a ajudar o nosso desporto a melhorar ".
Para impulsionar o hóquei é preciso paixão, aquilo que encontra sempre que volta para San Juan, oportunidade essa que não teve nos últimos dois anos da sua carreira em Réus "Em Concepcion somos todos como irmãos: nós não temos diferenças, é um grupo único de onde são lançados muitos jogadores. Encontramo-nos dentro e fora da pista, jogamos, fazemos torneios e é um onde velhos, jovens e crianças se juntam para jogar todos os dias. E eu sempre estive em contacto com todos como um irmão."
Algo que não ocorreu no final de carreira com a camisola do Reus "Eu nunca reclamei. A única coisa que lamento é ter saído um pouco pela porta das traseiras. Nos últimos dois anos senti-me um pouco triste, com um treinador (Dominguez), que tinha as suas ideias. Eu sabia que eu poderia fazer muito mais. Eu ainda tenho algo para dar e reservas de energia nas baterias ".

Fechamos com os teus pensamentos mais profundos. A vitória que estás mais ligado? "O primeiro "scudetto". Foi o primeiro título, um golpe de sorte, uma alegria indescritível. Então naturalmente que a Olimpíada foi belíssima"
A equipa dos teus sonhos? "O Barcelona. Todos os companheiros que tive no Barça eram muito fortes.
Claro que também no Roller e no Reus eram realmente bons. No entanto, no Barcelona era uma coisa estelar ".

É verdade que te emocionas sempre? "A cada vitória. Sempre foi assim, eu sou uma pessoa muito sensível ".

Tu já ganhaste muito neste desporto. Mas o hóquei, afinal para José Luis Páez, o que é ?
"Hóquei ensinou-me muito, sobretudo a respeitar o próximo, coisa que eu introduzi meu modo de vida. Simplesmente o hóquei é a minha paixão. A minha vida ".

Por: Paolo Virdi
Foto: Stefano Zamperin

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