quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Filipa Azevedo antevê Campeonato Europeu



 - Quando e como começaste? 
O meu percurso pode não ser o mais comum mas tem a sua lógica.
Eu calcei os meus primeiros patins (de patinagem artística!!) poucos dias após ter completado 7 anos no GDC Fânzeres e daí até aos meus 17 anos, foi o único tipo de patins que experimentei.
Em Fânzeres, sempre foi comum a troca da patinagem artística pelo hóquei, principalmente pela vantagem em termos de qualidade que a formação artística dava e, talvez por isso, nunca se viu uma "patinadora" a virar Guarda-redes.
Em 2007, alguém decidiu mudar a tendência. A equipa de séniores femininas do Fânzeres ficou só com uma GR e precisava de outra e o treinador da equipa daquela época, quando me viu no final dum treino de patinagem, achou que eu tinha "aspecto" de quem podia dar uma mãozinha.
C.H.Carvalhos
E assim começou: Fiz um treino para me habituar aos patins de hóquei e no treino seguinte já estava na baliza.
Fiquei no Fânzeres nessa época e nas duas seguintes (2007 a 2009), sofri mais golos nesses dois anos do que, muito provavelmente, em todas as épocas seguidas (somadas!) mas ainda assim não desmotivei e decidi lutar por algo mais.
No ínicio da época de 2009, uma vez que não era primeira nem segunda escolha do treinador, decidi mudar-me para onde pudesse evoluir mais e mais rapidamente. Dado que o GDC Fânzeres, apesar das circunstâncias, não me dispensou para competir por outro clube, passei uma época apenas a treinar. Fui recebida no Clube Hóquei dos Carvalhos de braços abertos e tive oportunidade de trabalhar com algumas das jogadoras mais experientes da Zona Norte e tive aí o meu primeiro "salto" em termos de evolução.
No início da época seguinte (2010/2011), vi-me de novo na mesma situação, como 3ª opção do treinador, mas desta vez, com uma alternativa: o convite do ACR Gulpilhares.
A.C.R.Gulpilhares
Perante o cenário, e com um convite para uma equipa criada quase de raíz, com treinos que eu conseguia gerir melhor com os horários do meu emprego, mudei-me para o ACR Gulpilhares.
Mais uma vez, tive oportunidade de aprender com algumas das melhores, não só colegas de equipa como uma das minhas maiores referências na posição de GR: a Sandra Fernandes.
Após duas épocas de "quases" em termos de resultados, de muita aprendizagem, muitos altos e baixos, aquando da saída da Teresa Leite, da Mariana Cabral, da Andreia Pereira e da Marina Bessa, decidi mudar-me para São João da Madeira.
A.D.Sanjoanense
E penso que não podia ter tomado uma decisão melhor. Tal como nos dois clubes anteriores, fui recebida da melhor forma possível, integrei-me naturalmente na equipa e no clube e penso que não podia pedir muito melhores resultados após uma época de adaptação.







- Foste convocada para as 10 escolhidas que vão representar a seleçao nacional no europeu em espanha, como te sentiste quando recebeste a noticia?
Há já três anos que participo em Centros de Treino da seleção nacional, sem nunca ter sido escolha para as 12 pré-convocadas para os Campeonatos. Quando recebi a notícia de ter ficado no lote das 10 escolhidas para representar a seleção, penso que senti um misto de alegria, orgulho e tranquilidade.
Foi um "Finalmente consegui!". Não sei de que outra forma explicar aquilo que se sente quando finalmente todo o sacrifício, todas as horas de treino extra, todas as dores musculares e todos os golos sofridos parecem ter valido a pena.
Ainda hoje me rio da minha reação, parece que queria partilhar aquele momento com toda a gente, não só família e colegas de equipa mas também com quem passou horas comigo em treinos específicos. Só queria agradecer a toda a gente! 
- Que nos podes dizer sobre o que poderá Portugal alcançar neste Europeu? 
Não conheço nenhuma das 3 seleções que iremos defrontar por isso não consigo apontar para um resultado mas penso que alcançar um título, quando se participa numa competição, nunca é algo impossível. O objetivo é ganhar e acho que é esse o espírito com que todas iremos para o Campeonato.
- Achas que Portugal pode seguir em desvantagem pelo facto de apenas ter um estagio 3 dias antes do evento?
Teoricamente, acho que sim. Embora a maioria das jogadoras convocadas já tenha jogado em equipa em anteriores representações da Seleção Nacional, acredito que não sejamos as únicas nessa condição. Por isso e dada a preparação que tem vindo a ser feita pelas restantes seleções, eu acho que partimos em desvantagem.
No entanto, se pensarmos que uma seleção é reflexo do trabalho que é realizado nos clubes e que é só a quantidade de horas em estágio que influenciam os resultados, essa "desvantagem" pode vir a não ter qualquer impacto nos nossos resultados no Campeonato Europeu. 
Como se costuma dizer: Todas as equipas começam com 0 pontos no início de um campeonato e todos os jogos começam a 0-0. 
- Como caracterizas as 10 eleitas? 
 (Pergunta difícil!) A parte da qualidade técnica e/ou tática que certamente foi vista nas 10, acho que, pensando um pouco nos jogos em que as tive como colegas de equipa ou adversárias, não passa ao lado de ninguém a garra de cada uma, aquele espírito lutador que faz com que, mesmo quando o jogo parece decidido nos impede de baixar os braços e desistir e esse espírito pode vir a ser fundamental neste campeonato, na minha opinião.
 
- Deixa uma mensagem a todos os amantes da modalidade.
Divirtam-se! Acima de tudo, divirtam-se a jogar ou a assistir e não desistam de lutar pelos vossos objetivos e pela modalidade.

Com esforço e dedicação, muito do que hoje parece impossível, pode tornar-se uma realidade.


Fonte: Hóquei Feminino

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