- Quando e como começaste?
O meu
percurso pode não ser o mais comum mas tem a sua lógica.
Eu calcei os
meus primeiros patins (de patinagem artística!!) poucos dias após ter
completado 7 anos no GDC Fânzeres e daí até aos meus 17 anos, foi o único tipo
de patins que experimentei.
Em Fânzeres,
sempre foi comum a troca da patinagem artística pelo hóquei, principalmente
pela vantagem em termos de qualidade que a formação artística dava e, talvez
por isso, nunca se viu uma "patinadora" a virar Guarda-redes.
Em 2007,
alguém decidiu mudar a tendência. A equipa de séniores femininas do Fânzeres
ficou só com uma GR e precisava de outra e o treinador da equipa daquela época,
quando me viu no final dum treino de patinagem, achou que eu tinha
"aspecto" de quem podia dar uma mãozinha.
C.H.Carvalhos |
E assim
começou: Fiz um treino para me habituar aos patins de hóquei e no treino
seguinte já estava na baliza.
Fiquei no
Fânzeres nessa época e nas duas seguintes (2007 a 2009), sofri mais golos
nesses dois anos do que, muito provavelmente, em todas as épocas seguidas
(somadas!) mas ainda assim não desmotivei e decidi lutar por algo mais.
No ínicio da
época de 2009, uma vez que não era primeira nem segunda escolha do treinador,
decidi mudar-me para onde pudesse evoluir mais e mais rapidamente. Dado que o
GDC Fânzeres, apesar das circunstâncias, não me dispensou para competir por outro
clube, passei uma época apenas a treinar. Fui recebida no Clube Hóquei dos
Carvalhos de braços abertos e tive oportunidade de trabalhar com algumas das
jogadoras mais experientes da Zona Norte e tive aí o meu primeiro
"salto" em termos de evolução.
No início da
época seguinte (2010/2011), vi-me de novo na mesma situação, como 3ª opção do
treinador, mas desta vez, com uma alternativa: o convite do ACR Gulpilhares.
A.C.R.Gulpilhares |
Perante o
cenário, e com um convite para uma equipa criada quase de raíz, com treinos que
eu conseguia gerir melhor com os horários do meu emprego, mudei-me para o ACR
Gulpilhares.
Mais uma
vez, tive oportunidade de aprender com algumas das melhores, não só colegas de
equipa como uma das minhas maiores referências na posição de GR: a Sandra Fernandes.
Após duas
épocas de "quases" em termos de resultados, de muita aprendizagem,
muitos altos e baixos, aquando da saída da Teresa Leite, da Mariana Cabral, da
Andreia Pereira e da Marina Bessa, decidi mudar-me para São João da Madeira.
A.D.Sanjoanense |
E penso que
não podia ter tomado uma decisão melhor. Tal como nos dois clubes anteriores,
fui recebida da melhor forma possível, integrei-me naturalmente na equipa e no
clube e penso que não podia pedir muito melhores resultados após uma época de
adaptação.
- Foste convocada para as 10 escolhidas que vão representar a seleçao nacional no europeu em espanha, como te sentiste quando recebeste a noticia?
Há já três
anos que participo em Centros de Treino da seleção nacional, sem nunca ter sido
escolha para as 12 pré-convocadas para os Campeonatos. Quando recebi a notícia
de ter ficado no lote das 10 escolhidas para representar a seleção, penso que
senti um misto de alegria, orgulho e tranquilidade.
Foi um
"Finalmente consegui!". Não sei de que outra forma explicar aquilo que
se sente quando finalmente todo o sacrifício, todas as horas de treino extra,
todas as dores musculares e todos os golos sofridos parecem ter valido a pena.
Ainda hoje
me rio da minha reação, parece que queria partilhar aquele momento com toda a
gente, não só família e colegas de equipa mas também com quem passou horas
comigo em treinos específicos. Só queria agradecer a toda a gente!
- Que nos
podes dizer sobre o que poderá Portugal alcançar neste Europeu?
Não conheço
nenhuma das 3 seleções que iremos defrontar por isso não consigo apontar para
um resultado mas penso que alcançar um título, quando se participa numa
competição, nunca é algo impossível. O objetivo é ganhar e acho que é esse o
espírito com que todas iremos para o Campeonato.
- Achas que
Portugal pode seguir em desvantagem pelo facto de apenas ter um estagio 3 dias
antes do evento?
Teoricamente,
acho que sim. Embora a maioria das jogadoras convocadas já tenha jogado em
equipa em anteriores representações da Seleção Nacional, acredito que não
sejamos as únicas nessa condição. Por isso e dada a preparação que tem vindo a
ser feita pelas restantes seleções, eu acho que partimos em desvantagem.
No entanto,
se pensarmos que uma seleção é reflexo do trabalho que é realizado nos clubes e
que é só a quantidade de horas em estágio que influenciam os resultados, essa
"desvantagem" pode vir a não ter qualquer impacto nos nossos
resultados no Campeonato Europeu.
Como se
costuma dizer: Todas as equipas começam com 0 pontos no início de um campeonato
e todos os jogos começam a 0-0.
- Como
caracterizas as 10 eleitas?
(Pergunta
difícil!) A parte da qualidade técnica e/ou tática que certamente foi vista nas
10, acho que, pensando um pouco nos jogos em que as tive como colegas de equipa
ou adversárias, não passa ao lado de ninguém a garra de cada uma, aquele
espírito lutador que faz com que, mesmo quando o jogo parece decidido nos
impede de baixar os braços e desistir e esse espírito pode vir a ser
fundamental neste campeonato, na minha opinião.
- Deixa uma
mensagem a todos os amantes da modalidade.
Divirtam-se!
Acima de tudo, divirtam-se a jogar ou a assistir e não desistam de lutar pelos
vossos objetivos e pela modalidade.
Com esforço e dedicação, muito do que hoje parece impossível, pode tornar-se uma realidade.
Fonte: Hóquei Feminino
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