Recorda os 27 anos de carreira onde atingiu o topo
RECORD – Teve uma carreira de 27 anos, atingindo o topo mundial na modalidade e chegando mesmo a integrar a equipa do século. Como começou esta aventura?
ANTÓNIO RAMALHETE – Apareci no hóquei em patins graças ao futebol. Vivia numa zona onde morava o antigo treinador do Benfica, Torcato Ferreira. Ele assistia aos jogos de futebol de rua e entendia que se tínhamos jeito para o futebol também tínhamos para o hóquei. Pegou em meia dúzia de miúdos, levou-os a aprender a patinar e pô-los a jogar hóquei em patins.
R – Mas os miúdos gostam de ter a bola e de marcar golos. Porquê guarda-redes?
AR – Fui empurrado para a baliza. O treinador perguntou quem é que tinha jeito para guarda-redes e eles apontaram para mim. Não tive outra hipótese. Houve uma altura em que quis ser avançado, mas aí o Torcato Ferreira foi esperto. Fui treinar e ele meteu-me no banco o treino todo. A partir daí tinha o destino marcado.
R – Que idade tinha quando se deu a descoberta para a modalidade?
R – Aos 16 anos estreou-se na equipa principal do Benfica. Foi o início de uma carreira recheada de títulos nacionais e internacionais. Qual foi o que mais o marcou?
AR – Houve um título que me marcou e outro momento que recordo para toda a vida. O primeiro título europeu que ganhei, em 1971, marcou-me particularmente. Mas o momento mais rico foi no jogo de despedida de José Vaz Guedes e que assinalou a minha primeira internacionalização. Tinha na altura 17 anos e integrei uma equipa com campeões do Mundo, como Fernando Adrião, Velasco, Vaz Guedes e Livramento, num jogo com a Espanha.
R – Viveu uma fase em que fez várias trocas entre Benfica e Sporting.
AR – A seguir ao 25 de Abril toda a equipa do Benfica saiu. Foi decido no Benfica que todas as modalidades tinham de ser amadoras. As outras transferências aconteceram mais por incompatibilidade com alguns dirigentes da altura...
R – E como foi a sua relação com os adeptos?
AR – Com os adeptos nunca tive problemas. Senti mais da parte do Benfica, com os sportinguistas nunca tive qualquer problema. Fui mesmo aplaudido quando visitava Alvalade... Penso que aconteceu comigo, por ser mais um jogador de Seleção e havia alguma consideração por isso.
R – Mais tarde, em 2007, chegou a ser diretor da secção do Benfica. Conseguiu fazer tudo o que queria na sua gestão?
AR – Não consegui, mas por outro lado, levei para o Benfica a pessoa certa para ser campeão, o Luís Sénica. Criei, ainda, condições para os títulos que se seguiram.
R – Ao contrário de grandes nomes da sua geração, nunca tentou ir jogar para o estrangeiro?
AR – Tive convites durante os anos 70 para jogar em Itália, que era, na altura, o destino dos jogadores portugueses. Mas não se proporcionou. As condições também não me agradaram.
R – E depois de abandonar como jogador, chegou a ser treinador?
AR – Fui treinador do Sesimbra, Turquel e Académica da Amadora. Mas a minha vida não permitiu que continuasse. Houve necessidade de acompanhar uma filha nascida há pouco tempo e que precisou de um acompanhamento especial. Tive de me deslocar várias vezes a França e aí esmoreceu a minha vontade em treinar e abandonei de vez o hóquei em patins.
Fonte: Record
Autor: vítor ventura e pedro simões (fotos)
Fotos: Pedro Simões
Enorme guarda redes, o melhor do Mundo durante várias épocas. Ele e o Carlos Trullos eram um espectáculo.
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