sexta-feira, 15 de março de 2013

Pedro Nunes em exclusivo ao Best Hóquei : "Um dia vou ser seleccionador nacional"


Pedro Nunes, atual treinador do CD Paço d´ Arcos cedeu uma entrevista ao Besthoquei, o clube encontra-se a fazer uma grande época  Pedro Nuno diz que apesar de tudo sabe que o grupo pode fazer melhor.Na entrevista Pedro Nunes, conta que acredita que um dia vai ser campeão do mundo como selecionador português.

O Pedro Nunes estreou-se como treinador de hóquei em patins, salvo erro, em 2000. Voltando atrás no tempo, como nasceu esta paixão por esta modalidade?
Na verdade, estreei-me como treinador de Infantis num clube da Amadora chamado Santos Futebol Clube da Venda Nova em 1990. Mas a minha paixão pelo hóquei remonta a 1975, quando comecei a praticá-lo na Académica da Amadora. Toda a minha família jogou Hóquei em Patins. Avô, pai, irmão e primos. Sempre que o meu pai deixava, ia assistir a jogos que em muito contribuíram para o gosto e paixão que sinto pela nossa modalidade. Para além disso, os meus amigos de infância mais chegados, todos eles praticavam a modalidade. Só da ‘minha’ rua eramos 15. Bons tempos, sem dúvida!
Durante estes anos todos o Pedro orientou várias equipas, consegue nos dizer os momentos mais marcantes até chegar aqui?
Por norma temos a tendência de associar os ‘momentos mais marcantes’…aos títulos, às vitórias, enfim…às coisas boas. Não partilho muito dessa ideia. Por exemplo, contribuir para a formação de um jogador, vê-lo crescer e ter sucesso, para mim, é muito gratificante. Felizmente que isso aconteceu muitas vezes ao longo da minha carreira.
Agora, e respondendo directamente à sua pergunta, e para não ser muito exaustivo, tive 3 momentos que nunca mais vou esquecer.
O dia da despedida do H.C. Sintra, ao fim de 12 anos de total devoção e amor a um clube que me deu tudo mas que exigiu muito de mim.
Atingir e disputar a final da Taça CERS pelo Candelária, ainda que perdida, mas que considero o inicio da afirmação europeia do clube.
E claro, o 4º lugar alcançado pela selecção de Moçambique no Mundial de San Juan em 2009.
Sinceramente, acho que o melhor ainda está para vir. (risos)
A passagem pela seleção moçambicana sem dúvida relançou a sua carreira como treinador de hóquei, quer-nos falar desta etapa da sua carreira onde fez história em San Juan?
Não sei se relançou a minha carreira mas foi, sem dúvida alguma, uma etapa que me vai marcar para sempre. Se no início achava que este desafio podia contribuir para o meu crescimento como treinador, no final, esta etapa superou todas as minhas expectativas.
Para Moçambique, ser 4º classificado num Mundial é como se tivesse sido campeão do mundo. Com tantas dificuldades, lacunas e adversidades ao longo do trajecto de preparação só um enorme espirito de grupo, com ambição e capacidade de superação, permitiram esse histórico lugar alcançado.

Foto: Pedro Alves/Mundook
Falando no presente, quando foi convidado para orientar a equipa do Paço d` Arcos o que o levou aceitar o convite?
Pelo clube, que é um histórico da modalidade, pelas pessoas que formalizaram o convite e da forma como o fizeram, e fundamentalmente pela qualidade (técnica e humana) dos jogadores. Acreditei sempre que seria um bom regresso ao Paço de Arcos. Como sabe, por força da minha participação no mundial de San Juan com a Selecção de Moçambique, estive uma época sem treinar. Um ano, para mim, é muito tempo para quem tem a paixão pelo treino pelo que, entre outros convites que tive, não hesitei em aceitar treinar novamente o PA. Foi um risco que corri porque não tinha sido muito feliz na minha primeira passagem pelo clube. Mas desta vez o contexto e o enquadramento levaram-me a acreditar que poderia ser muito melhor. Felizmente não me enganei.
Esta época a sua equipa está a fazer uma boa época, que analise faz da época ate ao momento?
Bastante positiva, claro. Diria mesmo que acima das melhores expectativas. Sempre tive, confesso, a secreta esperança, e porque não dizê-lo, a confiança de que tal pudesse vir a acontecer. Ter neste momento 45 pontos, estar em 4º lugar ao fim de 22 jornadas é muito bom. Deve ser um motivo de orgulho para todos aqueles que sentem, vivem e trabalham no Paço de Arcos. Mas como venho procurando transmitir, não nos podemos contentar com o que já conseguimos. Queremos mais! Para isso há que manter os níveis de exigência e de qualidade. Nos treinos, nos jogos e até na vida particular, que muitas vezes é, e tem de ser, sacrificada em prol de bons desempenhos.
Mantendo estes resultados, o Paço d` Arcos arrisca-se a qualificação para as competições europeias, se isto vier acontecer será importante para um símbolo como o Paço d` Arcos?
Sem dúvida. Para o clube, para os adeptos, para os jogadores da actual equipa mas também para os mais jovens que sonham um dia vestir a camisola dos seniores do Paço de Arcos. Como sabe o PA é um clube formador. Queremos que os mais jovens sintam orgulho na equipa sénior. Que ambicionem representar o PA nos seniores. Quanto mais incentivos e referências existirem, melhor. A europa é apenas mais um. Não se deve esgotar aí. O PA já ganhou uma Taça CERS mas desde 2004 que não vai a uma competição europeia. Por isso seria maravilhoso voltar. Mas para isso temos que continuar a trabalhar mais e melhor no dia-a-dia. Sou apologista que não se deve hipotecar o futuro do clube em detrimento de uma participação europeia. Há que criar condições para que tal suceda e estou certo que a direcção, como já o afirmou publicamente, saberá fazê-lo.
Como vê o Pedro Nunes a situação do hóquei atual?
Não devemos olhar para o hóquei sem ter em conta a actual conjuntura económica do país. Mas a falta de dinheiro não justifica tudo. Temos o país que as pessoas quiseram. Algumas com mais responsabilidades, claro. Tanto para o sucesso como para as coisas menos boas. Assim como no hóquei. O presente e futuro do hóquei em patins será aquilo que todos os agentes da modalidade quiserem. Fundamentalmente, o hóquei precisa de regenerar mentalidades e privilegiar competências. Para ser mais directo, reformar de vez algumas mentalidades e eliminar os incompetentes. Desculpem-me a sinceridade.

Foto: Pedro Alves/Mundook
Sente que se não fosse as informações via web sobre o hóquei, a modeeeealidade corria o risco de desaparecer?
Em termos de divulgação, sim. O vosso contributo tem sido muito importante. Diria mesmo, que fundamental para a divulgação da modalidade. Agora, desaparecer nunca. O hóquei tem fortes tradições e influências na sociedade portuguesa. Seja de que forma for, o hóquei será sempre praticado em Portugal. Mais depressa acabam as modalidades ‘importadas’ que se não fosse a influência de alguns media, nunca teriam qualquer expressão no nosso país. Faz parte da nossa cultura não valorizar o que é genuinamente nosso. E não falo só de desporto. Nesta crise em que vivemos, que para mim é mais de valores perdidos do que factores económicos, talvez não seja alheio este facto. É apenas uma opinião.
Muito se fala do novo selecionador nacional, caso surgisse o convite por parte da Federação ao Pedro Nunes para orientar “Os Ursos” como reagiria?
Com enorme orgulho e satisfação. Orgulho por poder servir a selecção do meu país. Satisfação por reconhecerem em mim capacidades para o efeito. É para isso que trabalho e tento evoluir todos os dias. Chegar ao topo! Ser seleccionador nacional é o topo para todos os treinadores. Quero e tenho a forte convicção de que um dia vou ser seleccionador nacional e ser…campeão do mundo! (risos)
Se tivesse que eleger um cinco ideal de todos os jogadores que já treinou, quais escolheria?
(risos)…Sinceramente, acho que isso não existe. Pelo menos enquanto treinador. O ”5 ideal” é o do momento. Depende e muito do contexto em que se está inserido. É por isso muito difícil e ingrato para mim, fazê-lo. Tenho tantos ‘5 Ideal’ nestes anos de treinador…(risos)…valorizo tanto o lado humano que por vezes me esqueço das capacidades técnicas. Acreditem. TODOS os jogadores que treinei até hoje, sem excepção, são os grandes responsáveis por aquilo que sou como treinador. TODOS eles merecem o meu reconhecimento e agradecimento por fazerem de mim o treinador que sou. Foram eles que me ajudaram e ainda ajudam, na minha formação como treinador e porque não dizê-lo, como homem.
Como vê o futuro do Pedro Nunes?
Tento ser optimista. A sério, tento olhar para o futuro tendo muito em conta o presente. A vida de treinador é construída ao momento. O futuro resulta da ‘construção’ desses momentos. Umas vezes vai ser positivo, outras nem por isso. Para já, quero e vou estar focado no Paço de Arcos e na forte possibilidade, que existe, de estar com a Selecção de Moçambique no próximo campeonato do mundo em Angola.
Para terminar, quer deixar alguma mensagem?
Muito obrigado ao Best Hóquei e a ti Tiago, por me concederem este momento de algum privilégio mediático. Vivó Hóquei!

Por Tiago Silva:
http://besthoquei.blogspot.pt/2013/03/pedro-nunes-em-exclusivo-um-dia-vou-ser.html

Sem comentários:

Enviar um comentário