Pedro
Nunes, atual treinador do CD Paço d´ Arcos cedeu uma entrevista ao
Besthoquei, o clube encontra-se a fazer uma grande época Pedro Nuno diz
que apesar de tudo sabe que o grupo pode fazer melhor.Na entrevista Pedro Nunes, conta que acredita que um dia vai ser campeão do mundo como selecionador português.
O Pedro Nunes estreou-se como treinador de
hóquei em patins, salvo erro, em 2000. Voltando atrás no tempo, como nasceu
esta paixão por esta modalidade?
Na verdade, estreei-me como treinador de
Infantis num clube da Amadora chamado Santos Futebol Clube da Venda Nova em 1990.
Mas a minha paixão pelo hóquei remonta a 1975, quando comecei a praticá-lo na
Académica da Amadora. Toda a minha família jogou Hóquei em Patins. Avô, pai,
irmão e primos. Sempre que o meu pai deixava, ia assistir a jogos que em muito
contribuíram para o gosto e paixão que sinto pela nossa modalidade. Para além
disso, os meus amigos de infância mais chegados, todos eles praticavam a
modalidade. Só da ‘minha’ rua eramos 15. Bons tempos, sem dúvida!
Durante estes anos todos o Pedro orientou
várias equipas, consegue nos dizer os momentos mais marcantes até chegar aqui?
Por norma temos a tendência de associar os
‘momentos mais marcantes’…aos títulos, às vitórias, enfim…às coisas boas. Não
partilho muito dessa ideia. Por exemplo, contribuir para a formação de um
jogador, vê-lo crescer e ter sucesso, para mim, é muito gratificante.
Felizmente que isso aconteceu muitas vezes ao longo da minha carreira.
Agora, e respondendo directamente à sua
pergunta, e para não ser muito exaustivo, tive 3 momentos que nunca mais vou
esquecer.
O dia da despedida do H.C. Sintra, ao fim de
12 anos de total devoção e amor a um clube que me deu tudo mas que exigiu muito
de mim.
Atingir e disputar a final da Taça CERS pelo
Candelária, ainda que perdida, mas que considero o inicio da afirmação europeia
do clube.
E claro, o 4º lugar alcançado pela selecção
de Moçambique no Mundial de San Juan em 2009.
Sinceramente, acho que o melhor ainda está
para vir. (risos)
A passagem pela seleção moçambicana sem
dúvida relançou a sua carreira como treinador de hóquei, quer-nos falar desta
etapa da sua carreira onde fez história em San Juan?
Não sei se relançou a minha carreira mas foi,
sem dúvida alguma, uma etapa que me vai marcar para sempre. Se no início achava
que este desafio podia contribuir para o meu crescimento como treinador, no
final, esta etapa superou todas as minhas expectativas.
Para Moçambique, ser 4º classificado num
Mundial é como se tivesse sido campeão do mundo. Com tantas dificuldades,
lacunas e adversidades ao longo do trajecto de preparação só um enorme espirito
de grupo, com ambição e capacidade de superação, permitiram esse histórico
lugar alcançado.
Foto: Pedro Alves/Mundook
Falando no presente, quando foi convidado
para orientar a equipa do Paço d` Arcos o que o levou aceitar o convite?
Pelo clube, que é um histórico da modalidade,
pelas pessoas que formalizaram o convite e da forma como o fizeram, e
fundamentalmente pela qualidade (técnica e humana) dos jogadores. Acreditei
sempre que seria um bom regresso ao Paço de Arcos. Como sabe, por força da
minha participação no mundial de San Juan com a Selecção de Moçambique, estive
uma época sem treinar. Um ano, para mim, é muito tempo para quem tem a paixão
pelo treino pelo que, entre outros convites que tive, não hesitei em aceitar
treinar novamente o PA. Foi um risco que corri porque não tinha sido muito
feliz na minha primeira passagem pelo clube. Mas desta vez o contexto e o
enquadramento levaram-me a acreditar que poderia ser muito melhor. Felizmente
não me enganei.
Esta época a sua equipa está a fazer uma boa
época, que analise faz da época ate ao momento?
Bastante positiva, claro. Diria mesmo que acima
das melhores expectativas. Sempre tive, confesso, a secreta esperança, e porque
não dizê-lo, a confiança de que tal pudesse vir a acontecer. Ter neste momento
45 pontos, estar em 4º lugar ao fim de 22 jornadas é muito bom. Deve ser um
motivo de orgulho para todos aqueles que sentem, vivem e trabalham no Paço de
Arcos. Mas como venho procurando transmitir, não nos podemos contentar com o
que já conseguimos. Queremos mais! Para isso há que manter os níveis de exigência
e de qualidade. Nos treinos, nos jogos e até na vida particular, que muitas
vezes é, e tem de ser, sacrificada em prol de bons desempenhos.
Mantendo estes resultados, o Paço d` Arcos
arrisca-se a qualificação para as competições europeias, se isto vier acontecer
será importante para um símbolo como o Paço d` Arcos?
Sem dúvida. Para o clube, para os adeptos, para
os jogadores da actual equipa mas também para os mais jovens que sonham um dia
vestir a camisola dos seniores do Paço de Arcos. Como sabe o PA é um clube
formador. Queremos que os mais jovens sintam orgulho na equipa sénior. Que
ambicionem representar o PA nos seniores. Quanto mais incentivos e referências
existirem, melhor. A europa é apenas mais um. Não se deve esgotar aí. O PA já
ganhou uma Taça CERS mas desde 2004 que não vai a uma competição europeia. Por
isso seria maravilhoso voltar. Mas para isso temos que continuar a trabalhar
mais e melhor no dia-a-dia. Sou apologista que não se deve hipotecar o futuro
do clube em detrimento de uma participação europeia. Há que criar condições
para que tal suceda e estou certo que a direcção, como já o afirmou
publicamente, saberá fazê-lo.
Como vê o Pedro Nunes a situação do hóquei
atual?
Não devemos olhar para o hóquei sem ter em conta
a actual conjuntura económica do país. Mas a falta de dinheiro não justifica tudo.
Temos o país que as pessoas quiseram. Algumas com mais responsabilidades, claro.
Tanto para o sucesso como para as coisas menos boas. Assim como no hóquei. O presente
e futuro do hóquei em patins será aquilo que todos os agentes da modalidade
quiserem. Fundamentalmente, o hóquei precisa de regenerar mentalidades e
privilegiar competências. Para ser mais directo, reformar de vez algumas
mentalidades e eliminar os incompetentes. Desculpem-me a sinceridade.
Foto: Pedro Alves/Mundook
Sente que se não fosse as informações via web
sobre o hóquei, a modeeeealidade corria o risco de desaparecer?
Em termos de divulgação, sim. O vosso
contributo tem sido muito importante. Diria mesmo, que fundamental para a
divulgação da modalidade. Agora, desaparecer nunca. O hóquei tem fortes
tradições e influências na sociedade portuguesa. Seja de que forma for, o hóquei
será sempre praticado em Portugal. Mais depressa acabam as modalidades ‘importadas’
que se não fosse a influência de alguns media,
nunca teriam qualquer expressão no nosso país. Faz parte da nossa cultura não
valorizar o que é genuinamente nosso. E não falo só de desporto. Nesta crise em
que vivemos, que para mim é mais de valores perdidos do que factores económicos,
talvez não seja alheio este facto. É apenas uma opinião.
Muito se fala do novo selecionador nacional,
caso surgisse o convite por parte da Federação ao Pedro Nunes para orientar “Os
Ursos” como reagiria?
Com enorme orgulho e satisfação. Orgulho por
poder servir a selecção do meu país. Satisfação por reconhecerem em mim
capacidades para o efeito. É para isso que trabalho e tento evoluir todos os
dias. Chegar ao topo! Ser seleccionador nacional é o topo para todos os
treinadores. Quero e tenho a forte convicção de que um dia vou ser
seleccionador nacional e ser…campeão do mundo! (risos)
Se tivesse que eleger um cinco ideal de todos
os jogadores que já treinou, quais escolheria?
(risos)…Sinceramente, acho que isso não
existe. Pelo menos enquanto treinador. O ”5 ideal” é o do momento. Depende e
muito do contexto em que se está inserido. É por isso muito difícil e ingrato
para mim, fazê-lo. Tenho tantos ‘5 Ideal’ nestes anos de
treinador…(risos)…valorizo tanto o lado humano que por vezes me esqueço das
capacidades técnicas. Acreditem. TODOS os jogadores que treinei até hoje, sem
excepção, são os grandes responsáveis por aquilo que sou como treinador. TODOS
eles merecem o meu reconhecimento e agradecimento por fazerem de mim o
treinador que sou. Foram eles que me ajudaram e ainda ajudam, na minha formação
como treinador e porque não dizê-lo, como homem.
Como vê o futuro do Pedro Nunes?
Tento ser optimista. A sério, tento olhar
para o futuro tendo muito em conta o presente. A vida de treinador é construída
ao momento. O futuro resulta da ‘construção’ desses momentos. Umas vezes vai
ser positivo, outras nem por isso. Para já, quero e vou estar focado no Paço de
Arcos e na forte possibilidade, que existe, de estar com a Selecção de
Moçambique no próximo campeonato do mundo em Angola.
Para terminar, quer deixar alguma mensagem?
Muito obrigado ao Best Hóquei e a ti Tiago,
por me concederem este momento de algum privilégio mediático. Vivó Hóquei!
Por Tiago Silva:
http://besthoquei.blogspot.pt/2013/03/pedro-nunes-em-exclusivo-um-dia-vou-ser.html
Por Tiago Silva:
http://besthoquei.blogspot.pt/2013/03/pedro-nunes-em-exclusivo-um-dia-vou-ser.html
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