João Simões é um dos grandes “obreiros” da grande época do HC Turquel - Foto: HC Turquel
Desporto Leiria (DL) – O Hóquei Clube de Turquel tem sido a equipa sensação do Nacional da 1ª Divisão, estando atualmente na 7ª posição contrariando muitas espetativas. A que se deve todo este sucesso da sua equipa?
João Simões (JS) - Julgo que a palavra sensação é um pouco exagerada muito embora felizmente reconheça que termos já 40 pontos a sete jornadas do fim é um sinal de um percurso até aqui bastante positivo. O único local onde sucesso aparece antes de trabalho é no dicionário e a verdade é que a nossa equipa trabalha muito e a meu ver bem. O talento e a competência dos jogadores são a base do nosso crescimento e depois com a dedicação, empenho e união de todos tudo se torna possível.
” O talento e a competência dos jogadores são a base do nosso crescimento”
DL - Como profundo conhecedor do plantel que tem à sua disposição, a época que a equipa está a realizar não o surpreende?
JS - Claro que não. Apesar de jovem e do facto de muitos de nós estarmos pela primeira vez a competir na 1.ª Divisão, o potencial como jogadores e o caráter de todos como homens dão-nos garantias de que é possível fazer sempre mais e melhor. Sabíamos que tínhamos de alterar alguns processos do nosso jogo tornando-o mais consistente e versátil e a verdade é que, semana após semana, fomos consolidando aprendizagens e crescendo como equipa. Ainda temos aspetos a melhorar e essa vai ser a nossa motivação até ao final da época pois o nosso lema é “Hoje melhor do que ontem e pior do que amanhã”.
DL – Sentia que, nesta altura da época, ter praticamente garantida matematicamente a manutenção na 1ª Divisão?
JS - Acreditámos que era possível. A abordagem ao campeonato onde o único objetivo passa por não descer foi no sentido de o fazermos o quanto antes possível. Sabíamos que era difícil para uma equipa que subia da 2.ª Divisão (basta olhar onde se encontram as outras três que subiram no ano passado) e como tal apostámos numa pré-época com grande desgaste físico e emocional para catapultar uma adaptação rápida a uma nova realidade competitiva para depois crescer dentro dela. Tal como diz Teotónio Lima “o caminho faz-se caminhando” e havendo competência e desde que acreditemos sempre no trajeto que fazemos e que todos contribuam com o melhor de si, normalmente superam-se as naturais adversidades e chega-se a bom porto.
DL – Nesta segunda volta, em sete jogos, o HC Turquel venceu sete e perdeu apenas um. Perante esta excelente série de resultados e com a manutenção garantida, assume a tentativa de chegar a lugar europeu?
JS - Ainda faltam muitos jogos, sabemos que a fronteira entre o sucesso e o fracasso é demasiado ténue para qualquer desleixo. Uma vez que fomos eliminados na Taça de Portugal onde, sem querer retirar mérito ao Carvalhos, líder isolado da Zona Norte, num jogo onde apesar de não ter faltado entrega e empenho, faltou organização e dinâmica coletiva, resta-nos o campeonato onde tudo faremos para ficar o melhor classificados possível. Sabemos do poderio dos adversários que iremos defrontar mas faz parte de quem é ambicioso querer sempre mais e melhor e nós tudo vamos fazer para amealhar o maior número de pontos possível. Julgo que se conseguirmos ficar entre as oito melhores equipas do país deve ser, a meu ver, um motivo de grande orgulho para todos os turquelenses e a verdade é que os lugares europeus estão nesse intervalo.
“Quem não quer ser alvo de crítica nunca pode ser treinador”
DL – Com esta época de grande sucesso, qual a melhor resposta que dá aos “críticos” que a certa altura da época puseram em causa o seu trabalho?
JS - Quem não quer ser alvo de crítica nunca pode ser treinador. Lido muito bem com ela e prefiro que me critiquem do que aos jogadores que tudo fazem para que, dentro de campo, tenham condições para decidir e executar sempre o melhor possível. Até eu, quando estou na bancada a ver um jogo, faço esse papel, muito embora me pareça que qualquer crítica a uma equipa que tem como objetivo não descer e que realiza todo o campeonato fora dos lugares de descida não tem, a meu ver, qualquer consistência nem fundamento e, como tal, é desvalorizada, mas existem sempre os “anunciadores de desgraça” que vivem do mal dos outros e que estão tão habituados a dizer mal de tudo que quando se vêm ao espelho dizem mal deles próprios. Faz parte. Sempre foi e será assim. Não trabalhamos para dar resposta a ninguém, entregamo-nos é todos com total empenhamento, cada um na sua função, para dignificar o melhor que podemos e conseguimos uma equipa, um clube, uma aldeia e uma região. Essa é a nossa responsabilidade, o nosso compromisso e a nossa verdadeira motivação.
DL – No último jogo em casa com os Tigres de Almeirim, a claque do HC Turquel chamou várias vezes o seu nome. É um orgulho sentir o carinho dos adeptos e ver o seu trabalho conhecido?
JS – Mais importante do que ser conhecido é ser reconhecido e isso só é possível junto dos pares e daqueles que convivem diariamente connosco. Já não é fácil encontrar adjetivos para definir os nossos adeptos que tudo fazem para acompanhar e apoiar sempre a equipa nos bons e maus momentos. Quando olhamos para trás e analisamos o percurso que a equipa e o clube têm feito nos últimos anos, é sem sombra de dúvida, um motivo de orgulho para todos. Partilho esse reconhecimento com a restante equipa técnica, com todos os jogadores, direção e com algumas pessoas que, voluntariamente, limpam as instalações, tratam da roupa e das refeições e que vivem no anonimato para os adeptos em geral mas que nós sabemos que são importantes para que se possa alcançar o sucesso. A época ainda não acabou, o balanço só se faz no final e enquanto existirem pontos em disputa a entrega e exigência será total.
Artigo redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico
Gonçalo Ferreira
Fonte: Desporto Leiria
Sem comentários:
Enviar um comentário