quarta-feira, 20 de novembro de 2013

«Vitórias estão no ADN do Benfica»: Pedro Nunes

Treinador aponta baterias internamente e à Liga Europeia 

 

Assumiu a liderança do hóquei em patins do Benfica esta época e já venceu as Taças Continental e Intercontinental. Aos 45 anos não lhe falta ambição...

RECORD – Com apenas três meses de preparação, o Benfica já conquistou dois títulos internacionais. Que análise faz deste feito?

PEDRO NUNES – Só posso fazer uma análise positiva, não só pelos êxitos alcançados, mas pela forma como os conseguimos. Do meu ponto de vista, com exibições consistentes e que não deixaram margem para dúvidas quanto à justiça dos resultados.

R – Mas houve alguma preparação especial?

PN– Houve mais uma preparação mental do que técnica, tática ou física. Não podemos dissociar o que é uma preparação para enfrentar uma época desportiva. Nesse campo não houve desvios. O que aconteceu é que jogámos muito concentrados, nas duas competições, porque faziam parte dos nossos objetivos.

R – Tem agora pela frente uma época longa e está em três competições onde impera a regularidade. Está o Benfica preparado?

PN– Quando iniciamos uma época olhamos para o planeamento anual e a nossa preocupação é ter a equipa preparada para todas as eventualidades e dificuldades da temporada. As três provas, campeonato, Taça de Portugal e Liga Europeia, exigem uma concentração maior no espaço e no tempo da parte de todos. É verdade que o Benfica tem reagido melhor às provas de curta duração. Mas, para mim, o campeonato não é uma prova de regularidade. É uma competição atípica, tem uma margem de erro curta ou reduzida. Não concebo que uma equipa que some 75 pontos não seja regular. Temos de estar preparados para jogo a jogo não desperdiçar pontos.

R – Mas já sofreram um percalço...

PN– Não sei se foi um percalço. Tive ocasião de dizer no final do jogo em Turquel que não sabia se tínhamos conquistado um ponto ou perdido dois. Se virmos os últimos 46 segundos, ganhámos um ponto; se olharmos ao que se passou no restante tempo, perdemos dois.

«Para mim o campeonato não é uma prova de regularidade. É uma competição atípica, tem margem de erro reduzida»


R – É para si um desafio chegar a um dos grandes da modalidade em Portugal?

PN– Era um dos objetivos da minha carreira. Mas não será o último. Chegar só ao Benfica não é suficiente. Queria chegar e vencer. As vitórias estão no ADN deste clube e desta secção de hóquei em patins e não gostaria de ver esta dinâmica interrompida.

R – Quando chegou ao Benfica o plantel estava fechado. Esta é a equipa que escolheria?

PN– Esta é sem dúvida a minha equipa. Desde a primeira hora que o afirmei. Trata-se de um plantel que me dá todas as garantias para esta temporada. Tenho total confiança nestes jogadores e estou imensamente agradecido, nestes primeiros meses, pela forma exemplar como os meus atletas têm trabalhado.

R – Houve algum pedido especial por parte do presidente Luís Filipe Vieira?

PN– Não diretamente do presidente. Mas há uma cultura no clube que passa por entrar em todas as competições para ganhar. E foi só isso. No meu caso não me assusta, porque habituei-me a ver o Benfica a lutar em todas as frentes para vencer.

R – Sente uma maior responsabilidade por ter sido campeão do Mundo?



PN– Responsabilidade sim, mas internamente, entre o grupo. Quem viveu os momentos com as conquistas das duas provas quer repetir essas sensações. É uma pressão positiva, ter de ganhar. Mas para quem está no Benfica, a pressão tem de ser encarada de forma natural e positiva.

R – Tem lançado na equipa jogadores ainda juniores. É um dos objetivos, enquanto treinador, ajudar a formar atletas?

PN– É verdade, tem sido o meu trajeto. No Benfica existe essa regra, formar jogadores. Nesse aspeto, aqui houve uma grande evolução, como se justifica com os títulos em juvenis e juniores. Há no clube jovens com inegável valor, mas temos de perceber que esse trajeto ainda não está finalizado. Paulatinamente vamos continuar a formar e um dos objetivos do presidente Luís Filipe Vieira é ver nas principais equipas jogadores formados no Benfica. Temos de dar mérito ao que se está a fazer. Encaro isso com muita satisfação.

«Esta é sem dúvida a minha equipa, trata-se de um plantel que me dá todas as garantias para esta temporada»


R – Mas o Benfica tem maior número de estrangeiros...

PN– Temos de entender que vivemos numa época de globalização. Se pudermos integrar jovens portugueses no plantel isso é ótimo. No entanto, seria uma falta de respeito da minha parte se pensasse, apenas, nos jogadores portugueses. Não nos podemos esquecer que nas últimas conquistas os jogadores que não são portugueses têm de elevada qualidade e foram determinantes nas vitórias.

R – Nota-se que há muita rotatividade durante o jogo. Mas há um jogador que se mantém mais tempo no rinque, Valter Neves. Qual a importância do capitão?

PN– O Valter Neves é um jogador que admiro há muitos anos. Não só pelas suas qualidades hoquísticas, mas também pela conduta profissional e grande caráter. É um líder dentro da pista e considero que quanto mais tempo jogar mais acrescenta à equipa. É um jogador de longa duração. Quanto mais tempo jogar mais rende. Agora precisa de estar bem, física e mentalmente e o Valter Neves garante esse equilíbrio tático e emocional durante a época.

R – Vamos ter um campeonato de novo a dois?

PN– Até agora apenas duas equipas assumiram ser candidatas ao título, Benfica e FC Porto. Agora, acredito que há um lote de equipas que pode influenciar o campeonato. Num primeiro patamar, a Oliveirense, depois num segundo nível surgem Valongo, Turquel, Candelária, Sporting e Paço de Arcos, equipas que, principalmente nos seus recintos, podem complicar as tarefas do Benfica e do FC Porto. As restantes, sem qualquer desprimor, vão em casa jogar como se fosse uma final. Eu já estive do outro lado e sei o que isso representa.

R – Faz falta um Sporting forte?

PN– Claro. É um clube histórico na modalidade. E é um prazer constatar que o hóquei em patins, a par do andebol, é um dos poucos campeonatos que tem os três grandes.


Continua....

Fonte: Record

Autor: vítor ventura e Vítor Chi (fotos)
Fotos: Vítor Chi

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