Luís Sénica confiante |
A Seleção de Portugal já prepara o Mundial de Angola, que se realiza de 20 a 28 de Setembro. Enquanto pensa na escolha de 10 dos 13 pré-convocados, o treinador diz que o objectivo é contrariar o favoritismo da Espanha na corrida a um título em falta desde 2003. Mas também deixa elogios a Angola e espera um forte apoio.
Portugal já iniciou a campanha para o Campeonato do Mundo e, como sempre, a história cria grande expectativa. Como gerem este interesse pela Seleção Nacional?
- Temos de aceitar essa componente filosófica do imaginário do hóquei em patins em Portugal. Também projeta-nos qualidade e responsabilidade. Faz-nos estar cientes de que estamos entre os melhores. Precisamos, isso sim, de fazer gestão equilibrada dessas componentes para que não haja perturbações ou ruído na Seleção. Vamos criar sinergias a favor desse imaginário positivo e torná-lo pró-ativo para a equipa. E levar essa força para Angola.
Jogam em casa em Angola?
- Arrisco dizer que 80 por cento dos angolanos estão connosco a partir da fase de grupos [Portugal e Angola partilham a poule C]. Temos ainda o apoio da comunidade portuguesa, que está muito mobilizada. Sentimos isso e temos essa informação da embaixada, que também está muito pró-ativa a acompanhar-nos e a incentivar essa relação. Temos tudo para procurarmos a felicidade em Angola.
Portugal pode vencer?
- Sim, claramente!
Assume que o objetivo é ganhar o Mundial?
- Não vale a pena termos outro discurso nem ficarmos na pequenez de ter medo de assumir que queremos ganhar. Se as coisas não se projetarem como pretendemos, cá estaremos para perceber os motivos e assumir as responsabilidades. Mas não peco por falta de lucidez. Há um realismo atroz em relação ao Mundial.
Deduz-se que regressou à Seleção num momento propício...
- Espero que seja a melhor altura agora e sempre que Portugal for à pista, independentemente do selecionador. Mas é um bom momento para o hóquei em patins e sinto isso. Os jogadores sentem o mesmo. Por si só, não chega. Ajuda. É como uma onda emanada de uma certa energia - se não soubermos aproveitá-la, ficamos embrulhados. Queremos fluir na crista da onda, o que se faz trabalhando bem durante a preparação.
Qual a equipa favorita?
- Por razões de domínio, a Espanha. Temos de colocar-lhe essa pressão. Há três ou quatro países em igualdade de circunstâncias, mas a Espanha tem de ter essa dose de primazia, devido aos quatro títulos consecutivos. Embora esteja em condições de procurar o penta, também está preocupada com os adversários, o que é sinónimo de que as coisas nem sempre estão no bom caminho ou concretizam-se.
O que preocupa a Espanha em relação a Portugal?
- A prestação das equipas portuguesas na Europa, as conquistas recentes, o facto de Benfica e FC Porto terem discutido e atingido a final da Liga Europeia com grande mérito. Estes indicadores ajudam-nos a ter consciência do que somos capazes.
Como pensa motivar a Seleção que não é campeã desde 2003 e tem malapata com a Espanha?
- Não há magia! Está aí a maior motivação. Portugal não consegue um título em casa desde 2003 e a projeção é de 20 anos a atuar fora. Vamos trabalhar não para ir a Angola, o que podemos fazer num contexto de passeio, mas para ganhar o Mundial. Se algum jogador precisar de motivação para estar na Seleção, está a ajudar-me na escolha dos 10 finais.
Estão previstos prémios para os jogadores?
- Só se Portugal conquistar o título mundial.
Como avalia os outros candidatos ao título?
- O padrão dos Mundiais mantém-se. Espanha e Argentina têm boas seleções. A Argentina, apesar de alguma dificuldade de organização, tem individualidades fortes, capazes, experientes. A Itália aparece com uma equipa renovada no Europeu e pode projetar o regresso ao espaço natural e até discutir os lugares cimeiros. Mas é preciso olharmos para a forma como Angola tem preparado este Mundial. Não deixaria de fora uma possível candidatura dos angolanos às primeiras posições.
Angola pode surpreender?
- Se conseguir gerir todas as emoções e sensibilidades, pode surgir muito forte. Até pelo investimento. No hóquei em patins, não é comum uma seleção fazer preparação tão ampla e objetiva para um Mundial. Estou muito satisfeito por defrontar Angola na fase de grupos porque será mais difícil encontrá-la de seguida. Fora disso, Brasil, França ou Suíça podem seguir o exemplo de Moçambique no último Mundial [4.º classificado] e projetar-se para lugares cimeiros.
Fonte: A Bola
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