segunda-feira, 29 de julho de 2013

«Foi uma temporada bastante positiva da nossa parte.»: Nelson Mateus


P4201420 Um ano passado depois de termos conversado com Nelson Mateus, o treinador do Grândola, ele que ficou umbilicalmente ligado ao sucesso deste Clube, com a subida à 2.ª Divisão, voltamos à conversa com este jovem técnico, para sabermos como foi a participação do Grândola na prova, fazer de certa forma o balanço da época, desvendar o que será o Grândola na próxima época, e falarmos um pouco da realidade do hóquei em patins na actualidade.

PLR - Passado um ano, com a subida histórica no Clube à 2.ª Divisão, onde a ansiedade e a apreensão de um Campeonato diferente e mais competitivo era a sua grande preocupação, eis que o Grândola passou, quase com distinção, esta época na 2.ª Divisão.
Que balanço faz deste trajecto que terminou nos finais de Maio?

NM – Foi um trajecto positivo. Acho que no final todos ficaram com um sabor agrídoce pois, a 4 jornadas do fim, estivemos no 3º lugar e acabamos no 7º. Mas acima de tudo fica o crescimento e a evolução de uma equipa, que a meu ver, ainda tem muitos degraus até atingir o seu patamar mais elevado.

PLR- A equipa do Grândola que competiu no campeonato da 2.ª Divisão era maioritariamente a mesma que conseguiu a subida na época anterior.
Recordo-me de na altura nos comentar que a maioria deles nunca tinha competido na 2.ª Divisão.
Como foi a adaptação destes jogadores a um campeonato teoricamente mais competitivo?

NM – Foi bastante positiva. São jogadores de talento e trabalho e quando assim é as coisas tornam-se mais fáceis. Agora a 2ª divisão não é a 3ª, e a qualidade dos nossos adversários é superior, o que fez com que estes jogadores tivessem bastantes testes à sua capacidade e viram em que capítulos ainda têm de melhorar para poderem serem mais consistentes e melhores.

PLR – Quando iniciou o campeonato tinha certamente objectivos definidos, mas esperava chegar ao final da prova a ocupar um honroso 7.º lugar com 53 pontos e a 4 pontos do 3.º classificado?

NM – Tinhamos o objectivo da manutenção claramente. Aliás um clube como o nosso, com 4 anos de existência, não “podia” ambicionar a mais. O que é certo, e como disse anteriormente, é que os meus jogadores são talentosos e trabalham muito e isso, geralmente, é a combinação ideal para que os resultados apareçam. Se tivessemos sido mais consistentes, nomeadamente, em casa poderíamos ter acabado noutra posição mas penso que foi uma temporada bastante positiva da nossa parte.

PLR – Foi certamente uma das equipas sensação da prova. À 25.ª jornada ocupava o 3.º lugar, mas depois até ao final uma quebra acentuada que a levou par ao 7.º lugar. A que se deveu isso?

NM – Deveu-se a algumas situações. Primeiro somos uma equipa inexperiente nestas andanças, depois quisemos nesses jogos resolvê-los logo nos primeiros minutos o que nos foi fatal e finalmente esta equipa ainda se encontra num “escalada” de consolidação de processos. É importante referir que estes jogadores só a partir do ano passado é que começaram a trabalhar em processos defensivos de HxH, por exemplo, e isto, como em tudo no desporto, leva tempo a consolidar. Agora também acredito que quando passarmos, e espero que sim, por outra experiência a equipa dará outra resposta pois a evolução é isto mesmo, aprender com os erros para no futuro se fazer diferente para melhor.

PLR - Curiosamente e olhando para os números deste campeonato, o HCP Grândola somou mias pontos fora (foi a 3.ª melhor equipa, logo atrás do HC Mealhada e do SC Tomar) que em casa. Que análise faz a esta prestação da equipa?

NM – Vem um bocado na sequência daquilo que disse anteriormente, nós fora demos quase sempre o controlo do jogo ao adversário e como o nosso modelo de jogo assenta em transições rápidas, tanto defensivas como ofensivas, a equipa sentia-se muito confortavel com esse tipo de abordagem. Também beneficiámos, na minha opinião, de algum facilitismo dos nossos adversários que indo jogar contra uma equipa, que tinha acabado de subir, pensaram que o jogo seria mais acessível.
HCP GRANDOLA - 2012-2013

PLR – Nelson, terminada a época que balanço e análise faz do Campeonato da 2.ª Divisão Sul e das equipas que competiram? Esperava uma prova mais forte ou não?

NM – A 2ª divisão foi muito daquilo que eu esperava, depois de analisados os plantéis. Duas equipas claramente com outros patamares competitivos e com muita qualidade que se destacaram das outras. Depois um grupo maior na casa das 11-12 equipas que tiveram sempre jogos bastante competitivos entre si e 2-3 equipas que cedo perderam muitos pontos e que viriam a demonstrar muitas dificuldades em acompanhar o resto do grupo.

PLR – Olhando para o futuro, há novidades no plantel do Grândola?

NM – O plantel do HCPGrândola vai ser sensivelmente o mesmo. É claro que vamos, caso haja essa possibildade, de melhorar o plantel mas estou muito contente com os jogadores que tenho. Mesmo não entrando ninguém, e já disse anteriormente, temos muito por onde melhorar e sabemos exactamente onde vamos trabalhar para que isso aconteça.

PLR – Comenta-se que vai haver alterações nos quadros competitivos seniores. Redução de equipas nas divisões superiores, eventualmente o aparecimento de play-offs nas fases finais dos campeonatos. O Nelson tem alguma ideia formada sobre o modelo competitivo mais acertado?

NM – Para mim penso que os playoffs vinham trazer outra espectacularidade à modalidade, já de si uma das mais espectaculares e com grande incerteza no resultado fruto da mudança das regras que tornaram, a meu ver, o jogo com menos contacto físico, mais dinâmico e com muitos golos. Isto para a 1ª divisão, já para as seguintes divisões penso em 2 soluções. Uma onde a 3ª divisão acabaria e se realizaria mais séries na 2ª divisão também com a introdução de regionais onde as taxas, como foram este ano no regional da APL, bastante mais em conta para os clubes. Esta solução traria aproximação geográfica o que poupava muito nas deslocações dos clubes. A outra solução seria manter a estrutura como está mas que a 3ª divisão passasse a ter outro modelo competitivo pois acabar o campeonato em janeiro ou fevereiro torna as coisas bastante complicadas a nível de intensidade de treino, jogo e própria motivação para os jogadores e toda a estrutura do clube. Mas convém referir também que a Federação juntamente com os clubes deve encontrar solução para descer as taxas e reduzir os gastos dos clubes, não só dos clubes da 3ª divisão, pois tirando uma mão cheia deles a nível nacional, os outros apresentam bastantes dificuldades em sobreviver e com isto quem fica a perder é o Hóquei em Patins!

PLR - É cada vez mais recorrente os Clubes e pessoas ligadas à modalidade começarem a pôr em causa os valores que a FPP aplica, seja na organização de jogo, arbitragens, e em particular nos custos, sem proveito para os Clubes, das transferências.
Que comentário faz a esta situação?

NM – Em relação às taxas, como já disse anteriormente, é essencial que se arranje soluções para podermos baixá-las dentro de uma lógica de progressão para a modalidade. Acho que era importante a Federação fazer chegar aos clubes, para que estes tenham conhecimento e não critiquem só por criticar, para onde vai o dinheiro dos clubes e em que é aplicado esse dinheiro. Já as transferências é assunto que eu gostava que fosse revisto pois o que se está a ver é que os clubes com uma tendência mais formadora levam razias, ano após ano, dos seus melhores jogadores e não são ressarcidos de todo o trabalho que tiveram em formar o jogador. Obviamente que com esta crise é muito díficil os clubes andarem a pagar montantes elevados pelos jogadores mas devia de haver um mecanismo de “proteção” para esses clubes formadores de modo a que os jogadores, muitas vezes só porque os pais se zangaram com o clube, abandonem o clube sem que esse clube seja ressarcido por todo o tempo que despendeu com esse atleta. Agora também cabe aos clubes terem algum bom senso e estabelecerem parcerias entre si de modo a que haja intercâmbio de jogadores, porque no fundo, o que eu quero como treinador, é que os jogadores continuem a jogar e que cada vez hajam mais jovens a praticar Hóquei em Patins.

PLR - Para terminar deixo-lhe este espaço para poder comentar ou falar de algo que nos tenha escapado nesta pequena entrevista e que gostaria de registar.

NM – Acima de tudo gostaria de agradecer a vossa disponibilidade para falar um bocado sobre o meu clube e sobre o Hóquei em Patins no seu geral. Deixar-vos também os votos de muito sucesso e que continuem o fantástico trabalho que têm feito na promoção da modalidade.

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