Um
ano passado depois de termos conversado com Nelson Mateus, o treinador
do Grândola, ele que ficou umbilicalmente ligado ao sucesso deste Clube,
com a subida à 2.ª Divisão, voltamos à conversa com este jovem técnico,
para sabermos como foi a participação do Grândola na prova, fazer de
certa forma o balanço da época, desvendar o que será o Grândola na
próxima época, e falarmos um pouco da realidade do hóquei em patins na
actualidade.
PLR - Passado um ano,
com a subida histórica no Clube à 2.ª Divisão, onde a ansiedade e a
apreensão de um Campeonato diferente e mais competitivo era a sua grande
preocupação, eis que o Grândola passou, quase com distinção, esta época
na 2.ª Divisão.
Que balanço faz deste trajecto que terminou nos finais de Maio?
Que balanço faz deste trajecto que terminou nos finais de Maio?
NM – Foi um trajecto
positivo. Acho que no final todos ficaram com um sabor agrídoce pois, a 4
jornadas do fim, estivemos no 3º lugar e acabamos no 7º. Mas acima de
tudo fica o crescimento e a evolução de uma equipa, que a meu ver, ainda
tem muitos degraus até atingir o seu patamar mais elevado.
PLR- A equipa do
Grândola que competiu no campeonato da 2.ª Divisão era maioritariamente a
mesma que conseguiu a subida na época anterior.
Recordo-me de na altura nos comentar que a maioria deles nunca tinha competido na 2.ª Divisão.
Como foi a adaptação destes jogadores a um campeonato teoricamente mais competitivo?
Recordo-me de na altura nos comentar que a maioria deles nunca tinha competido na 2.ª Divisão.
Como foi a adaptação destes jogadores a um campeonato teoricamente mais competitivo?
NM – Foi bastante positiva.
São jogadores de talento e trabalho e quando assim é as coisas tornam-se
mais fáceis. Agora a 2ª divisão não é a 3ª, e a qualidade dos nossos
adversários é superior, o que fez com que estes jogadores tivessem
bastantes testes à sua capacidade e viram em que capítulos ainda têm de
melhorar para poderem serem mais consistentes e melhores.
PLR – Quando iniciou o
campeonato tinha certamente objectivos definidos, mas esperava chegar ao
final da prova a ocupar um honroso 7.º lugar com 53 pontos e a 4 pontos
do 3.º classificado?
NM – Tinhamos o objectivo da
manutenção claramente. Aliás um clube como o nosso, com 4 anos de
existência, não “podia” ambicionar a mais. O que é certo, e como disse
anteriormente, é que os meus jogadores são talentosos e trabalham muito e
isso, geralmente, é a combinação ideal para que os resultados apareçam.
Se tivessemos sido mais consistentes, nomeadamente, em casa poderíamos
ter acabado noutra posição mas penso que foi uma temporada bastante
positiva da nossa parte.
PLR – Foi certamente
uma das equipas sensação da prova. À 25.ª jornada ocupava o 3.º lugar,
mas depois até ao final uma quebra acentuada que a levou par ao 7.º
lugar. A que se deveu isso?
NM – Deveu-se a algumas
situações. Primeiro somos uma equipa inexperiente nestas andanças,
depois quisemos nesses jogos resolvê-los logo nos primeiros minutos o
que nos foi fatal e finalmente esta equipa ainda se encontra num
“escalada” de consolidação de processos. É importante referir que estes
jogadores só a partir do ano passado é que começaram a trabalhar em
processos defensivos de HxH, por exemplo, e isto, como em tudo no
desporto, leva tempo a consolidar. Agora também acredito que quando
passarmos, e espero que sim, por outra experiência a equipa dará outra
resposta pois a evolução é isto mesmo, aprender com os erros para no
futuro se fazer diferente para melhor.
PLR - Curiosamente e
olhando para os números deste campeonato, o HCP Grândola somou mias
pontos fora (foi a 3.ª melhor equipa, logo atrás do HC Mealhada e do SC
Tomar) que em casa. Que análise faz a esta prestação da equipa?
NM – Vem um bocado na
sequência daquilo que disse anteriormente, nós fora demos quase sempre o
controlo do jogo ao adversário e como o nosso modelo de jogo assenta em
transições rápidas, tanto defensivas como ofensivas, a equipa sentia-se
muito confortavel com esse tipo de abordagem. Também beneficiámos, na
minha opinião, de algum facilitismo dos nossos adversários que indo
jogar contra uma equipa, que tinha acabado de subir, pensaram que o jogo
seria mais acessível.
PLR – Nelson, terminada
a época que balanço e análise faz do Campeonato da 2.ª Divisão Sul e
das equipas que competiram? Esperava uma prova mais forte ou não?
NM – A 2ª divisão foi muito
daquilo que eu esperava, depois de analisados os plantéis. Duas equipas
claramente com outros patamares competitivos e com muita qualidade que
se destacaram das outras. Depois um grupo maior na casa das 11-12
equipas que tiveram sempre jogos bastante competitivos entre si e 2-3
equipas que cedo perderam muitos pontos e que viriam a demonstrar muitas
dificuldades em acompanhar o resto do grupo.
PLR – Olhando para o futuro, há novidades no plantel do Grândola?
NM – O plantel do
HCPGrândola vai ser sensivelmente o mesmo. É claro que vamos, caso haja
essa possibildade, de melhorar o plantel mas estou muito contente com os
jogadores que tenho. Mesmo não entrando ninguém, e já disse
anteriormente, temos muito por onde melhorar e sabemos exactamente onde
vamos trabalhar para que isso aconteça.
PLR – Comenta-se que
vai haver alterações nos quadros competitivos seniores. Redução de
equipas nas divisões superiores, eventualmente o aparecimento de
play-offs nas fases finais dos campeonatos. O Nelson tem alguma ideia
formada sobre o modelo competitivo mais acertado?
NM – Para mim penso que os
playoffs vinham trazer outra espectacularidade à modalidade, já de si
uma das mais espectaculares e com grande incerteza no resultado fruto da
mudança das regras que tornaram, a meu ver, o jogo com menos contacto
físico, mais dinâmico e com muitos golos. Isto para a 1ª divisão, já
para as seguintes divisões penso em 2 soluções. Uma onde a 3ª divisão
acabaria e se realizaria mais séries na 2ª divisão também com a
introdução de regionais onde as taxas, como foram este ano no regional
da APL, bastante mais em conta para os clubes. Esta solução traria
aproximação geográfica o que poupava muito nas deslocações dos clubes. A
outra solução seria manter a estrutura como está mas que a 3ª divisão
passasse a ter outro modelo competitivo pois acabar o campeonato em
janeiro ou fevereiro torna as coisas bastante complicadas a nível de
intensidade de treino, jogo e própria motivação para os jogadores e toda
a estrutura do clube. Mas convém referir também que a Federação
juntamente com os clubes deve encontrar solução para descer as taxas e
reduzir os gastos dos clubes, não só dos clubes da 3ª divisão, pois
tirando uma mão cheia deles a nível nacional, os outros apresentam
bastantes dificuldades em sobreviver e com isto quem fica a perder é o
Hóquei em Patins!
PLR - É cada vez mais recorrente os Clubes e pessoas ligadas à modalidade começarem a pôr em causa os valores que a FPP aplica, seja na organização de jogo, arbitragens, e em particular nos custos, sem proveito para os Clubes, das transferências.
Que comentário faz a esta situação?
NM – Em relação às taxas,
como já disse anteriormente, é essencial que se arranje soluções para
podermos baixá-las dentro de uma lógica de progressão para a modalidade.
Acho que era importante a Federação fazer chegar aos clubes, para que
estes tenham conhecimento e não critiquem só por criticar, para onde vai
o dinheiro dos clubes e em que é aplicado esse dinheiro. Já as
transferências é assunto que eu gostava que fosse revisto pois o que se
está a ver é que os clubes com uma tendência mais formadora levam
razias, ano após ano, dos seus melhores jogadores e não são ressarcidos
de todo o trabalho que tiveram em formar o jogador. Obviamente que com
esta crise é muito díficil os clubes andarem a pagar montantes elevados
pelos jogadores mas devia de haver um mecanismo de “proteção” para esses
clubes formadores de modo a que os jogadores, muitas vezes só porque os
pais se zangaram com o clube, abandonem o clube sem que esse clube seja
ressarcido por todo o tempo que despendeu com esse atleta. Agora também
cabe aos clubes terem algum bom senso e estabelecerem parcerias entre
si de modo a que haja intercâmbio de jogadores, porque no fundo, o que
eu quero como treinador, é que os jogadores continuem a jogar e que cada
vez hajam mais jovens a praticar Hóquei em Patins.
PLR - Para terminar
deixo-lhe este espaço para poder comentar ou falar de algo que nos tenha
escapado nesta pequena entrevista e que gostaria de registar.
NM – Acima de tudo gostaria
de agradecer a vossa disponibilidade para falar um bocado sobre o meu
clube e sobre o Hóquei em Patins no seu geral. Deixar-vos também os
votos de muito sucesso e que continuem o fantástico trabalho que têm
feito na promoção da modalidade.
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